Os Catadores de Conchas

Um dia desses, eu quis começar esse blog com uma mensagem: Sophie falecera. Para meu assombroso espanto foi o que aconteceu em uma manhã da semana passada ou da retrasada, ou ainda desta, não saberia relatar a data exata do dia que li a notícia. Sabia apenas que muitos não entenderiam como essa notícia me chocou. E como desejei publicá-la aqui antes de ir para o trabalho. Entretanto ignorei a idéia e fui trabalhar, voltei à vida normal e continuei seguindo.

Resolvi esperar, não dizer nada e continuar mesmo após a terrível notícia que queiram ou não me abalou o dia todo. Bom, hoje foi o dia de Penélope Keeling, a filha de Sophie e de Laurence. Engraçado que eu já esperava esse fim, ela mesma havia falado que o ciclo estava fechado após a sua ida a Cornualha, só não esperava tantas reviravoltas que aconteceram entre aquele ano da morte de Sophie (1944) e o 14 de abril 1984 quando o ataque cardíaco levou à admirável Sra. Keeling.

Antes que vocês pensem: "ele está delirando", não estou. Estou contando um pouco dos trechos que me deixaram com a atenção redobrada no livro Os Catadores de Conchas de Rosamund Pilcher. Finalizei o livro hoje, queria fazê-lo, precisava fazê-lo e realmente valeu à pena.

Sempre digo que os livros vão chegando as nossas mãos aos poucos e nos momentos que devem ser lidos e ainda reforço essa idéia, mas esse livro com suas 632 páginas de história realmente valeram à pena e passaram muito rapidamente. Foram trechos da vida e da personagem Penélope Keeling, filha de artista, com uma vida boêmia em Londres e em Cornwall. Um casamento desastroso durante a guerra, e o homem que ela verdadeira amou. Penélope teve três filhos - e aprendeu a aceitar cada um deles com suas alegrias e desilusões.

O prólogo do livro não consegue descrever as passagens do mesmo, chega a ser superficial demais para somente transcrevê-lo por aqui, mas até ai, vale a pena essa recomendação. Talvez esse fenomenal elogio deva-se ao link com o livro "A menina que roubava livros" de Markus Zusak que li a pouco e também se passava na mesma época, talvez somente as frases escritas pelo decorrer da história. Não sei bem, sei que o livro foi envolvente e vale a recomendação.

Alguns dos trechos que sublinhei e que valem ser compartilhados:

"Agora, através dos anos, a face do amor não mais despertava agonias de pesar e amargura. Ao contrário, o sentimento que restava era simplesmente de gratidão. Porque sem recordar, o passado seria indescritivelmente vazio. Era melhor ter amado e perdido, do que jamais ter amado".

"Aprendeu a viver, porque não havia alternativa. É impossível dizer-se "não posso suportar isso", porque, quando não suportamos a situação, a única outra coisa a fazer é parar o mundo e desempbarcar dele, porém não existe qualuqer maneira prática de se fazer tal coisa".

"Isso lhe proporcionará algo por que ansiar. A vida não merece ser vivida, a menos que tenhamos uma expectativa".

"... e desejaria estar aí com você, convivendo com o riso e afazeres daqueles que passei a pensar como meu lar. Foi tudo muito bom, em cada sentido da palavra. E, nesta vida, nada que seja bom é realmente perdido. Fica fazendo parte de uma pessoa, torna-se parte de seu caráter. Assim, uma parte sua acompanhar-me a todo canto.E uma parte minha é sua, para sempre. O meu amor."

Sei que é meio piegas alguns trechos, mas são bem verdadeiros e como a minha querida caneta marca textos resolveu desaparecer em meio as páginas velhas e amareladas, foram esses que puderam ser encontrados entre outros que valiam a pena ser transcrevidos para cá.

Ces't la vie.

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