25 novembro, 2008

Delírios Noctívagos – Olga o filme.

olga-poster02 Hoje foi o dia de Olga. Se que estou apenas 4 anos atrasado em relação assistir esse filme que sempre despertou-me curiosidade, mas nunca um interesse verdadeiro a ponto de alugá-lo ou parar para assisti-lo. Confesso agora, erro meu. Deveria tê-lo feito antes, muito antes.

Assisti ao filme hoje por coincidência, ia dormir já, mas zapeando pela última vez os canais da TV, deparei-me com o inicio do filme. Tarde demais. Fisgado. Um filme vibrante, forte, denso, com certeza absoluta entra para o estreito rol dos melhores filmes que já vi, e que também conseguiu me emocionar. Admito: chorei, não uma, mas várias vezes.

O atravancado em meu peito neste instante, a maré de pensamentos é tão grande que já tentei dissuadi-lo lendo outras coisas, fazendo outras coisas, mas creio que só escrevendo um pouco conseguirei por em ordem ou dar um fluxo a essa torturante sensação que prende de maneira ininteligível para mim como razão. Queria mesmo saber tratar de maneira racional essa maré, entender o que afeta, o que fez tremer uma base de razões opacas.

Diria que talvez a força que o filme transmite entre os personagens, a cola densa e corpulenta que liga aquelas vidas separadas, mas com ideais. Inveja. Ter ideais. Sonhos. Aquiescer com o sofrimento para transformá-lo em força motora para seguir em frente, não desistir, não jogar fora essa razão mista de emoção que direciona a um ideal. Talvez amor? Imprudente, insano, perpétuo, tão raro? Não sei. Não sei mesmo o que pensar.

No momento são lascas de idéias, maré de medos e corrosiva mentira para uma única e própria persona non grata, que é este perdido em seu labirinto que escreve. Queria entender mais, saber mais, ligar mais as estruturas que são os pilares ara essa transcendência do eu para o todo. Sinto inveja por minha falta de ambição desatinada capaz de mover montanhas e provocar calafrios em quem cruzar o caminho dessa maré estrondos de uma represa rebenta.

Enfim... Se você, idiota como eu, não viu a esse filme prestando atenção, perscrutando cada detalhe com perguntas para si e envolvendo-se silenciosa, e totalmente, assista. De mãos dadas com alguém que julgue amar, será melhor ainda para por a prova essa sua convicção. Assista e pergunte-se até onde vai a sua vontade de viver ou morrer por algo, alguém ou por você mesmo. Talvez você chegue uma resposta melhor que a minha, que guardarei para sempre na lista das coisas que fizeram-me balançar e que quem sabe um dia terei coragem para confrontar diante do espelho.

Por enquanto, é mais uma duvida dádiva ou resposta que se perderá nestes confins escurecidos do meu próprio labirinto de gavetas de informações.

 

“ O diabrete vivia relativamente feliz em seu próprio mundinho, riscando dia a dia, em uma parede que ele só conhecia o caminho, o tempo que desistira de tudo e de todos. Ele ia poucas vezes por esse caminho, observando se não era seguido, pois era apenas seu aquele caminho, mas sempre voltava para colocar os números necessários para somar hora, dia, mês ou ano passado até a sua volta.

 

Ele sentava-se diante da parede, de pernas cruzadas em lótus, mãos nos polegares no pés e balançava perdido em suas contas e nas suas certezas incertas. Afirmava-se cada vez mais contando a sua própria história para acreditar nela e julgar-se feliz no final. Levantando, rindo de si mesmo, e voltando a sua rotina subterrânea.

 

Havia vezes que ele ficava muito tempo nessa inquisição própria, se perguntando os por quês e pra quês de tudo. Contando e recontando como um vampiro perdido entre seus grãos iluminados até extinguir-se diante da chama ardente de uma salvação por explosão.

 

Nosso diabrete não tinha essa sorte. Ficava perdido em seus pensamentos e riscos na parede de tijolos enegrecidos fosse o tempo que fosse para se cansar ou desistir de entender, e apenas seguir, e esse era seu tormento. Queria muito não querer, mas sempre voltava às mesmas perguntas e ao mesmo ponto não resolvido da sua conta particular.

 

***

 

Na superfície, a monotonia era constante como uma música sem fim. Ritmada sem grandes alterações em ondas que levavam a perder-se pelo vento cada fio de pensamento. O vento pode-se dizer, era o único livre para circular e cantarolar suas peças entre cada individuo que esbarrava e fazia cair o chapéu. Cada lenço ou saia levantada. Traquitana e livre para fazer aquilo que bem entendesse, quando quisesse soprar ou parar.

 

Nem a biruta sobre os edifícios tecnologicamente avançados era capaz de se entender com ele e giravam em torno do seu próprio eixo buscando-o desesperadamente sem compreender como ele o escapulia e a enganava a cada giro ou peça pregada.

 

Esse vento, também, por mais livre que fosse, varria cada canto da cidade, parece procurando por alguém ou alguma coisa.

 

***

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