24 novembro, 2008

Delírios Noctívagos

pillow Continuando a sequecia filme mais texto pós filme e escrito de madrugada na tênue linha entre o adormecerr e o pensar.... segue o próximo, mesmo sem reler... vamos ver o que acontece e quantas estruturas são abaladas....

Sinopse do filme “O livro de cabeceira” (The Pillow Book). Antes da publicação deste post encontrei um ensaio-trabalho muito bom, pelo pouco que li, sobre o filme com a transcrição dos 13 livros/poemas. Vou terminar de lê-lo mas compartilho com vocês. Segue o link.

Também encontrei pelo que vi um trecho inicial falando do livro especificamente: segue o link.

Uma adaptação de um clássico literário erótico japonês do século X, de Sei Shonagon. Uma jovem usa o corpo de seus amantes para escrever e fazer com suas peles seu livro de cabeceira. O enredo explora a relação entre a arte e o corpo humano. Apesar dos toques de morbidade, é o filme mais morno de Geenaway. Possui um estilo visual inovador e estonteante, que o diretor diz ser inspirado na televisão.

Essa é a sinopse do filme assistido hoje, 24 de novembro de 2008. Um filme que trata de livros livro, com uma sinopse pobre para o filme e pouco exploratória pois dá uma idéia vaga do que a principal personagem vive, com seus 28 anos, e finaliza a sua obra, enterrando o seu passado e iniciando a vida da sua jovem filha ou filho. Na sua trajetória, ela compõe 13 livros que resgatam o livro do amante para ser enterrado depois de profanado.

Só assim, após o vislumbre de toda a sua trajetória e escrita da sua obra é que ela finalmente pode comporto o seu próprio livro de cabeceira e pode, finalmente dizer o que de sua vida valeu ou não a pena para fazer a lista das coisas que fazem o seu coração bater mais forte.

A lista das coisas que a irritam fica entre os primeiros itens da busca para compor a obra total, os primeiros caminhos. Suas irritações são pilares para entender seus desejos e decidir seu caminho.

Tudo começa em uma tradição de pai para filha, e aos poucos dá-se entender do que é e de onde pode-se chegar a concepção de satisfação, desejo, pesar e conflitos que esse ciclo pode fecha.

Arrisco-me a dizer que é nessa fase que completamos o primeiro ciclo total de nossas vidas. Alguns um pouco antes, outros, um pouco depois. Mas nesse fechamento da juventude para a idade adulta, somos quase que capazes de dizer por onde haveremos de trilhar e o que guardamos para sempre em nossos corações.

Somos finalmente quase senhores de nossos próprios pensamentos e dores. Capazes de ocultar a mais profunda ferida para não aquiescer a alma dos nossos inimigos mais próximos e de explorar com mais confiança nossas vontades destinando o nosso caminho.

Lembranças efêmeras que fogem de todo o conceito de realidade, ou realidades doentias vividas no auge de um explorar de descobertas para aqueles conflitos que aquietarão profundamente em nossa alma. Serão, de agora em diante melhor absorvidos por nossos corações e mente.

Uma frase do livro dos mortos, décimo terceiro e último escrito pela personagem ficam-me na memória: “os crimes que cometemos não deveriam ficar marcados em nosso corpo como nos criminosos, mas em nossa alma”. Não digo que essa transcrição seja ipsis literis do que foi escrito ou dito, mas foi o que ficou registrado.

Ouso dizer mais por conta e risco e perdoando-me pela ousadia literária, que em nossa alma também ficam todas as outras marcas que foram vividas nesse ciclo. Marcas essas que transformarão essa fase para a outra distinta que se inicia, e é uma das mais avassaladoras da nossa mente e alma inquieta. É nela que buscamos razão para explicar o que tão dificilmente ficou vincado em marcas únicas e profundas amarguras, sentimentos, alegrias. E que dificilmente terão outra conotação para bem ou mal a não ser para nós mesmos.

Será que todos passam por essa etapa? Todos têm o conflito da busca incessante de respostas que nunca virão ou verão somente com a idade onde a obtusidade de nossas ações e fraqueza de nossas juntas não poderão mais salvaguardar qualquer atitude ou decisão?

Será que é esse o momento que nos fará ter pressa de chegar a um lugar inexplorado de nossa própria convicção onde levaremos ao limite qualquer situação ou confusão e que buscaremos incessantemente pelas respostas que tardarão a chegar se é que chegarão? Essa é a evolução?

Esse é o caminho que devemos trilhar, cegos, tateando para não afundarmo-nos em nossos próprios abismos ou perdermo-nos em nossos próprios labirintos?

O que fazer quando a luz que norteia as nossas descobertas e nossos avanços se apagaram durante esse percurso? Entregamos nossa alma cansada ao caminhar final de quem deve apenas conviver com tudo o que passou e simplesmente aquietar nossa crescente insatisfação ou busca para acalmar qualquer distúrbio ou guerra interna?

Há dias venho pensando se escrevo um pequeno conto, ou se teria capacidade de fazê-lo. Arrisco-me depois de tantas dúvidas que saltam pelos meus dedos.

“Em um futuro não muito distante do nosso, todos os indivíduos fecharam-se em si em uma comunhão egocêntrica de busca pelo retrato de sua própria existência. Ao olhar pelas janelas dos apartamentos que compunham aquele aglomerado de prédios via-se apenas seres sozinhos que buscavam desesperadamente respostas que haviam perdido.

Nas ruas, nada se ouvia de novo além das idéias propagadas pelos poderosos e pensadores pagos, que diziam apenas aquilo que serviria de laço para o nó que seria dado mais a frente pelo lucro ostensivo que gozariam. Distinguia-se claramente duas realidades: aqueles que tinham o domínio de sua própria alma e aqueles que as havia perdido.

Embora nas ruas nada fosse novo, sempre existia um que despertava de seu sono irreal e questionava os motivos da sua insanidade, e logo era calado para o bem geral. Pois ele estava doente e poderia gerar tumultos que causariam distúrbios à paz conquistada depois do cataclismo da natureza.

Nesse mesmo mundo, sereno, e pouco pensante, ensimesmado vivia um diabrete, escondido no subterrâneo e que até aqueles dias, contentava-se com as sobras e com sua tranqüila vida abaixo de tudo. Sem limites impostos, aquele ali era o seu território. Seu espaço.

Esse diabrete não queria confusão, havia se cansado de promulgar distúrbios da massa tentando fazê-la despertar de sua sonolência mental e aquiescendo com o que lhe era dado, julgando que dar perólas a porcos era doentiamente insano. Era disperdício de força. Sua juventude minguara, mas, como diabrete, vivia um ciclo diferente da população mundial e mesmo com muitos anos à frente, ainda era jovem e importuno caso o descobrissem ou cismasse em retomar sua batalha.

continua....

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