Certa manhã, meu pai me convidou a dar um passeio na roça, e fomos. Era uma manhã linda, ensolarada, o cheiro de orvalho e terra molhada.
Paramos num rancho e depois de um pequeno silêncio ele perguntou:
- Filho, além do cantar dos pássaros, você ouve mais alguma coisa?
Apurei meus ouvidos e alguns segundos depois respondi:
- Estou ouvindo o barulho de uma carroça, pai.
- Isso mesmo – ele respondeu - é uma carroça vazia!
Então, perguntei ao meu pai:
- Como o senhor pode saber se é uma carroça vazia, se ainda não a vimos?
E ele respondeu:
- É muito fácil saber que uma carroça está vazia meu filho, preste atenção ao barulho que ela faz. Quanto mais vazia a carroça, mais barulhenta ela é.
Hoje, adulto, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando para intimidar alguém, tratando o próximo com grossura, palavras e argumentos vazios e de forma inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz de meu pai dizendo:
- Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz.
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