27 outubro, 2011

Cooperar e Colaborar e listas de discussão

 

O que é cooperar? O que é colaborar? Ainda que na linguagem comum sejam tomados como sinônimos, no contexto dos estudos sobre aprendizagem os dois termos apontam para significados diferentes entre si. Acrescenta-se a isso, o fato de que a confusão pode estar sendo frequentemente aumentada pela tradução. Assim, enquanto “cooperation” é entendida como uma divisão de trabalho na qual cada um é responsável por uma parte da solução de um problema, “colaboration” é entendida com o engajamento múto dos participantes, num esforço coordenado para resolver um problema em conjunto (Roschelle & Teasley, 1995 apud (ESTRÁZULAS, 1999)).

A distinção entre os dois significados, que parece agora mais nítida, corresponde, no mínimo ao inverso do que foi concebido por Piaget. (ESTRÁZULAS, 1999)

Cooperar, para Piaget (1973 apud (ESTRÁZULAS, 1999)), é operar em comum, ou seja, ajustar por meio de novas operações de correspondência, reciprocidade ou complementaridade, as operações executadas pelos parceiros. Colaborar, entretanto, resume-se a reunião das ações que são realizadas isoladamente pelos parceiros, mesmo quando o fazem na direção de um objetivo comum.

Na cooperação os atos dos parceiros constituem-se nas operações que integram um único sistema operatório. A questão é explicar como o indivíduo consegue harmonizar suas intervenções com as dos outros, a ponto de engendrar esse sistema operatório. E ainda, explicar os mecanismos envolvidos nas ações que levam à cooperação nas trocas de pensamento.

ESTRÁZULAS, MONICA. 1999. INTERAÇÃO E COOPERAÇÃO EM LISTAS DE DISCUSSÃO. Informática na educação: teoria & prática. 2, 1999, Vol. 2. http://seer.ufrgs.br/InfEducTeoriaPratica/issue/view/614.

Li, Charlene e Bernoff, Josh. 2009. Fênomenos Sociais nos Negócios, Goundswell. Rio de Janeiro : Elsevier, 2009. ISBN 978-85-352-3295-0.

As mensagens trocadas em listas de discussão fazem parte das comunicações virtuais assíncronas, ou seja, são trocas que não ocorrem em tempo real. Toda mensagem (mail) enviada pela rede deve ser postada de acordo com o endereço eletrônico da lista de discussão, para que possa ser distribuída aos demais participantes. O conteúdo das mensagens é, por consequência, compartilhado por todos os inscritos na lista, caracterizando-a como um fórum de discussão em potencial. A primeira mensagem pode ser uma saudação enviada pelo mantenedor da mesma (manager/owner). Posteriormente, seguem-se outras mensagens enviadas pelos participantes, que se apresentam aos demais. Durante o funcionamento da lista, as trocas de mensagens são normalmente articuladas por interesses momentâneas, que se aglutinam em torno de grupos de trabalho, envolvendo assuntos e temáticas pré-estabelecidas ou não. (ESTRÁZULAS, 1999)

Para Piaget, toda associação voltada à produção de valores, seja ela cientifica ou não , poderia ser estudada segundo as trocas internas entre seus colabores e as trocas externas entre estes e o publico em geral. Aplicando-se a ideia ao caso das listas de discussão, sistemas fechados na prática, os estudos resumir-se-iam aos das trocas internas. Nesses, o partilhamento de uma escala comum de valores pode ser tomado como condição preliminar para que essas associações possam ser reconhecidas como coletividades onde há valorização recíproca. As reais dificuldades de coerência estariam inicialmente atreladas ao elevado número de escalas que coexistem na sociedade contemporânea.

A análise das trocas entre participantes de uma lista, cuja forma de ingresso foi um ato espontâneo e voluntário, considera todo esse conjunto de indivíduos trocando seus valores segundo uma escala comum como uma “classe de co-valorizantes” (PIAGET, 1973) apud (ESTRÁZULAS, 1999). A partir daí, as trocas entre todos os co-valorizantes podem ser analisadas segundo diversas possibilidades: a) benefício recíproco b) desvalorização recíproca e c) equilíbrio.

ESTRÁZULAS, M. (1999). INTERAÇÃO E COOPERAÇÃO EM LISTAS DE DISCUSSÃO. Informática na educação: teoria & prática , 2.

Li, C., & Bernoff, J. (2009). Fenômenos Sociais nos Negócios, Goundswell. Rio de Janeiro: Elsevier.

PIAGET, J. (1973). Estudos Sociológicos. Rio de Janeiro: Forense.

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